097 «American Cosmic»
Uma estudiosa de fenômenos sobrenaturais cristãos escreve sobre… OVNIs e ETs
Vejo que há mais de um mês não publico nada por aqui. O bizarro é que nunca escrevi tanto, mas simplesmente não consigo concluir os textos. Parece que preciso de um reboot.
Nesse ínterim, li um dos mais estranhos livros com que já me deparei: American Cosmic, de Diana Pasulka, professora de Religious Studies da University of North Carolina. O leitor esperto sabe que, quando a gente começa dando as credenciais, é porque o insólito se aproxima. E eu mesmo poderia me definir por uma atração perene pelo insólito, não pelo insólito ficcional, mas pelo insólito real, e sobretudo pelo insólito como forma imaginativa.
Pois bem. Proféssorrrh Pasulka começou a carreira estudando visões do Purgatório no catolicismo. Estudou aparições. Um belo dia, teve a ideia de que as aparições de OVNIs (UFOs em porto-inglês) ocupavam um lugar semelhante ao daquelas aparições, numa nova religião, e seu objetivo era estudar a formação de uma nova religião enquanto acontecia, «ao vivo», por assim dizer.
Pasulka então entrou em contato não apenas com pessoas que tiveram experiências inexplicáveis, uma das quais um renomado cientista, como ainda foi levada a um terreno no Novo México onde encontrou um pedaço de metal que não poderia ter sido produzido na Terra.
Um dos pontos mais curiosos do livro é a insistência, por parte de algumas pessoas que tiveram contato, de que os contatos com «inteligências não-humanas» se dá não por meio de antenas apontadas para o espaço, mas por meio do corpo humano, o qual seria uma antena. Digo que é interessante porque subitamente me senti transportado para aqueles ensaios dos anos 1960, 1970, que ainda falavam da alteração da consciência. O tom especificamente bicho-grilo vem da afirmação, por um dos cientistas entrevistados, de que a própria molécula do DNA funcionaria como antena receptora — afirmação que eu não sei se tenho gabarito sequer para entender.
«Alteração da consciência» é uma expressão muito chique para uma realidade bastante banal. Uma única taça de vinho no momento certo pode alterar minha consciência. Dois dias dormindo mal, e já sinto que estou burro demais para certas decisões. Dois dias dormindo bem, e tudo me parece possível. Se eu ficar uma hora rolando o feed do Instagram, passando de um app para o outro, minha mente fica nauseada. Tudo altera a consciência, o tempo todo, para o bem e para o mal.