094 Qual a cara da verdade?
Um balanço da primeira Oficina de Escrita — e um convite para a próxima
Aviso: a proposta da próxima Oficina está ao final da mensagem.
No meio da Oficina de Escrita de Inverno, percebi que os textos que selecionei refletiam uma tremenda preocupação com o tema da verdade — especificamente, com a questão de falar a verdade, de ser lido como alguém que fala a verdade; enfim, com a questão de ser e de parecer veraz, o que é mais do que ser e parecer verossímil.
A consciência adquirida no meio do caminho — e é um belo verso, já é um clichê, e não é menos verdade: se hace camino al andar — vai ajudando a caminhar melhor. Por isso, o texto abaixo é um balanço (incompleto) da Oficina, discutindo quais características nos levam a dizer: aqui está a verdade. Também discuto, no final, a verdade além do senso comum que está em Esaú e Jacó, de Machado de Assis.
O balanço fica para todos os leitores, e também, ao final, o convite para a Oficina de Primavera de 2023.
A coragem da verdade
Na primeira oficina, negligenciei um aspecto, que pretendo discutir na próxima edição com o apoio de alguns capítulos de A coragem da verdade, de Michel Foucault. O livro trata de momentos da Antiguidade em que a franqueza estava associada à coragem, essa virtude que anda tão falsificada — hoje, por exemplo, tendemos a achar que coragem é falar mal da esquerda num ambiente de direita, ou falar mal da direita num ambiente de esquerda — que nem consigo ainda formular satisfatoriamente o problema. Minha esperança é que, discutindo com os alunos, possamos chegar a algumas respostas interessantes e defensáveis para a pergunta: o que significa, hoje, ter a coragem de falar a verdade? Qual a relação da coragem com a prudência? E que verdade, hoje, pede coragem? (Decerto iremos além do clichê «aquilo que eles não querem que você saiba».)
Agora, eu já tinha levado em conta que existe uma defesa pueril da verdade — não errada, mas pueril, ingênua, que enfatiza demasiadamente a verdade objetiva, a verdade que existe nos termos de proposições isoladas, que podem ir de «2 + 2 = 4» a fórmulas poéticas como «o homem foi feito para o infinito». E insisto: não exatamente errada, mas pueril por considerar que a verdade deve prevalecer no espaço público como numa espécie de ex opere operato (a doutrina católica segundo a qual os sacramentos se realizam independentemente da pessoa que os celebra): se eu falei, e você não se convenceu, então o problema só pode estar em você, porque as minhas palavras já seriam o sinal da verdade.
Esse defensor pueril da verdade (que já fui eu mesmo) então escuta algo horrivelmente velho e preguiçoso em sua formulação: «essa verdade já morreu», frase que, interpretada com boa vontade, quer dizer que havia ideias que um dia foram correntes, que, como a moeda, tinham valor de troca e serviam como reserva de valor, mas caíram em desuso como que por si.
Porém, quando se trata de enunciar algo inesperado para a moeda corrente do senso comum, como obter o crédito que é dado espontaneamente para aquilo que é inofensivo, e, até, por que não?, como obter até mais do que esse crédito, levando o leitor a refletir sobre aquilo que está lendo?
Não estou falando de ser convincente do ponto de vista de uma retórica de vendas, isto é, de mostrar que você deveria fazer o meu curso, ou comprar aquele carro. A propaganda mesma admitirá que só pode soar verdadeira na medida em que não for recebida como «propaganda», que já é quase sinônimo de spam. Estou falando de convencer o leitor de boa vontade de que eu vi mesmo aquilo que disse que vi, de que eu mesmo pensei aquilo que disse ter pensado.
Como soar veraz?
O maior dos problemas, porém, continua sendo o mesmo de sempre: como ser veraz? E, como este é um texto sobre a expressão, de que maneira o «ser veraz» se traduz num «soar veraz»? Em outras palavras — e sem pressupor que você é veraz antes de escrever, como se a escrita fosse algo posterior a um eu já totalmente conhecido, e não parte de um processo de descoberta — como você pode dizer a verdade e ser ouvido como se estivesse dizendo uma verdade, mostrando uma evidência?
Se o leitor me perdoa esses parágrafos um pouco filosóficos demais, repito que esse foi, sem que eu percebesse, o ponto de partida da minha seleção de textos. Se um texto soa falso, por que soa falso? E se um texto soa verdadeiro, por que, ao lê-lo, digo: acho que as coisas realmente aconteceram assim, acho que aqui há uma verdade?
O texto como tecnologia
O primeiro critério um tanto inescapável de veracidade está ligado à tecnologia. Só porque o livro existe há séculos, porque, não fossem as reformas ortográficas, um livro do século XIX seria tão acessível hoje quanto era duzentos anos atrás, não notamos que ele ainda tem mais prestígio do que a internet. Se a verdade também está na internet, é porque acreditamos que foi tirada de algum livro, quiçá de algum artigo acadêmico, mas de algum texto cujo primeiro molde vem do livro, e particularmente do livro industrializado.
O texto livresco produz uma sensibilidade particular. As qualidades que prezamos ainda hoje estão ligadas ao texto: calma, concentração, a capacidade de fazer uma exposição detida que pode ser consultada pontualmente. A menos que você tenha o grande carisma do vídeo, a grande capacidade de lidar com pessoas, em grande parte das profissões mais remuneradas a melhor maneira de destacar-se é por meio de um grande texto, seja ele uma boa proposta, seja um grande relatório. A competência é demonstrada pela escrita.
Aqui alguém dirá que a competência na verdade está na execução, e não na representação da execução. Lamento informar: todos nós olhamos mais as representações das coisas do que as coisas mesmas. É mais fácil. A representação é simples. O sentido está dado. Quando você olha as coisas, as ações, você ainda tem de pensar para encontrar um sentido ou para converter os acontecimentos numa história. Por isso, não basta ser; é preciso parecer também — para facilitar a cognição alheia.
Aliás, quando eu disse, agora há pouco, que a competência era sinalizada pela escrita, eu também poderia ter dito: a capacidade de pegar a famosa realidade em estado bruto e convertê-la em palavras claras é o que define boa parte das profissões. Um médico examina um paciente e produz um diagnóstico. Um consultor analisa uma empresa e descreve sua situação. Eu mesmo observo as atitudes das pessoas e apresento a minha visão dos acontecimentos.
A intimidade
Em paralelo, existem outros critérios. A pintura sugere com mais facilidade que passamos a acreditar que a verdade estão não numa representação solene e gloriosa, mas numa representação íntima, quiçá banal. O episódio dos dois quadros que Caravaggio pintou para representar são Mateus escrevendo seu Evangelho demonstra isso muito bem. O primeiro quadro mostra um Mateus apenas escrevendo, sem necessariamente perceber o anjo que guia sua mão. Como, afinal, representaríamos hoje um evangelista? Como um escritor. Este quadro, porém, foi recusado pelo cliente, que queria algo mais solene — e ganhou uma cena irrealista e convencional, o anjo estrondando no alto, Mateus estrondado e ajoelhado (quem escreve de joelhos? O Evangelho foi escrito de joelhos?) num banquinho já prestes a desabar. Não: a verdade só pode estar na cena serena do homem que simplesmente escreve.
Esse exemplo de Caravaggio recorda o Edmund Burke daquele famoso trecho das suas Reflexões sobre a revolução na França — trecho esse que é um clássico da penteadeira de velha — em que o conservador par excellence reclamava que, para os revolucionários, «o rei é apenas um homem». Bem, se formos ler hoje um romance sobre um rei, ver um filme sobre um rei, o que queremos é exatamente isto: conhecer o rei «enquanto homem», o que significa ver o rei brigando com o despertador, escovando os dentes, preparando-se para enfrentar com bravura a inauguração de uma fábrica de cimento. A verdade, para nós, está nos bastidores — mesmo que sejam bastidores tão encenados quanto os da reality TV ou das redes sociais, com a «documentação da sua jornada».
Na ponta mais moderna, lemos trechos de Outras vidas que não a minha (2009) — o livro que eu gostaria de ser quando crescer —, de Emmanuel Carrère, e perguntamos: por que este relato do tsunami de 2004 no Sri Lanka nos parece tão envolvente quanto digno de credibilidade, envolvente? Por que podemos nos identificar com ele? Um aluno disse: porque o Carrère admite coisas vergonhosas. Admite que sentia ciúmes das vítimas do tsunami, porque a namorada, jornalista, só se ocupava delas e não lhe dava mais atenção. Se a representação da cena íntima por Caravaggio já sinalizava verdade, a confissão de certas vergonhas hoje a sinalizaria mais ainda?
Esaú e Jacó
Pulando alguns dos temas, quis trabalhar com Esaú e Jacó, de Machado de Assis, porque é um livro que, de certo modo, está «além» da verdade, isto é, está além das verdades que o senso comum consegue apreender.
Minha opinião é que o limite do senso comum (ao menos brasileiro) é o contraste entre o verdadeiro e o falso. Consigo escrever no Instagram um post que fale da diferença entre a verdadeira coragem e a falsa coragem. Consigo dizer que Fulano é o verdadeiro defensor, e Beltrano, o falso defensor. Porém, se eu quiser dizer que Fulano e Beltrano são ambos falsos e só existem um em função do outro, aí eu preciso de um ambiente mais restrito e mais controlado. De uma sala de aula, talvez. De um texto mais longo.
Em Esaú e Jacó, nada é verdadeiro; aliás, como expliquei nas aulas, Esaú e Jacó é um livro sobre nada, assim como Seinfeld se dizia uma série «sobre nada» e como Flaubert teria dito (nunca achei a fonte) que queria escrever «um romance sobre nada». A sequência inicial é puro gelo seco, smoke and mirrors, como dizem os gringos: duas irmãs ricas sobem o morro para falar com uma vidente, que não lhes diz nada; fazem um grande pagamento como se não fosse nada; imediatamente depois, também vão a uma igreja católica para agradecer; o marido de uma das irmãs jura «por Deus» à esposa que não falará nada da consulta ao amigo espírita, mas fala tudo, e a esposa não fica com raiva. O juramento é nada, e o pedido de juramento também não era nada. Os gêmeos Pedro e Paulo são rivais: um é monarquista e o outro republicano; um gosta de Flora, e o outro também. Durante o romance, ocorre a mudança de regime da monarquia para a república, a qual não tem nenhuma consequência prática para a vida deles, e é representada como se fosse nada. A mudança de regime! O que diria Machado da rivalidade entre petistas e antipetistas?
Mas vejam que eu mesmo, aqui, preciso exclamar «a mudança de regime!» para chamar a atenção. Machado é mais sutil e não diz nada; ou melhor, diz que conta com a esperteza do leitor, com a contribuição do leitor.
Não que não seja justo que o meu leitor aqui se pergunte: Pedro, você falou da verdade neste texto inteiro, e onde é que ela aparece em Esaú e Jacó, já que esse romance trata de… nada? Bem, está justamente na possibilidade de que nos enxerguemos nele. Se é verdade que nós também quebramos juramentos como se não fossem nada, que também alegamos altos princípios quando na verdade somos pautados pelos nossos rivais, então podemos rir um pouco de nós mesmos.
É verdade que talvez Machado ria com certo escárnio. Mas isso não nos impede de usar a famosa «ironia machadiana» como um «riso de partida» que nos leve a perdoarmo-nos uns aos outros, e, por conseguinte, a verdades ainda maiores.
Abaixo, a proposta da próxima Oficina de Escrita.
Oficina de Escrita da Primavera de 2023 (começo: 16 de setembro)
A proposta foi atualizada em relação à proposta da Oficina de Inverno porque a experiência dessa primeira oficina permite uma nova seleção de textos.
Desta vez pretendo propor apenas uma turma, na manhã de sábado (das 10h às 12h30). O motivo é simples: na primeira oficina havia duas turmas, uma na quinta à noite, e outra no sábado pela manhã. Metade dos alunos de quinta passaram para o sábado.
Fiz bons ajustes no método e no plano. Convidarei os alunos da Oficina de Inverno a participar das aulas sobre textos novos na Oficina de Primavera.
Proposta da Oficina de Escrita
A Oficina de Escrita se baseia em dois cursos que fiz em Nova York no ano de 1995. Ambos tiveram o formato de writing workshop, isto é, de oficina de escrita.
O primeiro foi um curso livre do American Language Program da Columbia University; o segundo fiz como aluno de graduação na New York University.
Os dois cursos, especialmente o primeiro, estão entre as grandes experiências da minha vida. Conheci um modelo educacional que não correspondia a nada que eu tinha conhecido até então. Na escola, no Brasil (eu tinha 17 anos quando fiz o primeiro curso, e 18 quando fiz o segundo), esperava-se que sempre escrevêssemos redações desde o ponto de vista de um planejador central com plenos poderes para resolver qualquer problema. Devemos fazer X ou Y? Devemos proibir A ou B?
Enquanto nas escolas que frequentei no Rio de Janeiro havia um clima generalizado de bom-alunismo e de conformidade, em Nova York vi algo totalmente distinto. Os alunos eram incentivados a manifestar suas próprias opiniões. O objetivo era que eles fossem capazes de argumentar bem, não que chegassem a uma conclusão definitiva. Havia uma grande consciência de que diversas questões só têm mesmo soluções provisórias que precisam ser contextualizadas.
Assim, a ideia era conseguir mapear a situação e encontrar algo de relevante para dizer. Era um trabalho retórico, em conformidade com o projeto da liberal education — e uso a expressão em inglês para distingui-la do confuso projeto de «educação liberal» difundido em alguns ambientes da direita brasileira. O college americano é o lugar aonde o aluno vai para abrir a cabeça, conhecer novas ideias, falar melhor, escrever melhor.
Depois, cursando a universidade brasileira, descobri que, ao menos no meu curso de Letras, ela tinha viés profissionalizante desde o primeiro dia. Seu objetivo não era ensinar o aluno a expressar-bem na esfera pública, mas a produzir trabalhos acadêmicos para a leitura de outros acadêmicos. O academês em que esses trabalhos são redigidos me parece vir diretamente da ausência de preocupação com a boa escrita — falar em «boa» escrita já soaria como um juízo de valor tão elitista quanto abominável.
Creio que é por isso que, pelo menos desde os anos 1990, a maioria dos artigos (incluindo os bons artigos) que os jornais brasileiros publicam em suas páginas de opinião e em seus suplementos literários traz um certo sabor de professor universitário que se desincumbe da obrigação moral de falar com o público, esse distinto desconhecido.
Essas questões serão discutidas mais amplamente durante a oficina. Porém, para resumir, o objetivo é retomar aquele projeto da liberal education: incentivar o aluno a dizer o que pensa, ajudá-lo a descobrir o que pensa, criticá-lo para que seja capaz de dizer melhor aquilo pensa. Não é à toa que os americanos cultivam a forma do essay, do ensaio, da tentativa — e, em inglês, a palavra essay abrange desde a redação de colégio até os mais prestigiados textos de Joan Didion (que devemos ler na Oficina).
Programa (sempre provisório)
Para que a Oficina nem fique tão solta, com um tema distinto para cada aula, nem pareça um curso universitário monotemático, decidi dividi-la em três grandes blocos. Estes são alguns textos selecionados até agora; porém, a seleção pode mudar. É importante que ela não comece totalmente fechada.
Com a provável exceção do livro final, Esaú e Jacó, de Machado de Assis, devo enviar por email todos os textos.
Discutiremos outros textos além dos textos listados abaixo. Outros temas podem surgir — na Oficina de Inverno, propus o tema da bomba atômica, por exemplo (o qual ajudou a entender… Nelson Rodrigues).
Michel Foucault, A coragem da verdade (capítulos selecionados)
Neil Postman, «A mente tipográfica»
Georges Bernanos, capítulos de A França contra os robôs
Ivan Illitch, «Por que a escola deve ser desinstitucionalizada»
Ananda K. Coomaraswamy, «Para que serve a arte, afinal?»
Walter Benjamin, A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica
André Chastel, «A arte do gesto no Renascimento»
Emmanuel Carrère, capítulos de Outras vidas que não a minha
Natalia Ginzburg, «As relações humanas»; «Elogio e lamento da Inglaterra»
Joan Didion, Noites azuis (a primeira página)
Nelson Rodrigues, crônicas selecionadas
René Girard, «Problemas de técnica em Stendhal e em Flaubert» (É recomendável ler O vermelho e o negro, de Stendhal.)
Machado de Assis, Esaú e Jacó, primeira metade
Machado de Assis, Esaú e Jacó, segunda metade
Informações de pagamento
Os pagamentos serão feitos para a minha empresa, e fornecerei nota fiscal. Pago impostos, tenho contador, tudo nos conformes. Sou um anarco-libertário que não tem medo do Leviatã e dorme bem à noite.
Ofereço duas opções de pagamento.
PIX de R$ 3.000,00.
Pagamento de R$ 3.150,00 via Eduzz no cartão de crédito. O aumento do valor cobre as taxas da Eduzz. A Eduzz deixará você escolher seu número de parcelas, com juros para você — exatamente como aconteceria com a Hotmart, por exemplo. Lembre-se de que você precisa ter disponível o saldo total no cartão, não o de cada parcela.
O pagamento garantirá o seu lugar em uma das turmas da Oficina de Primavera. Ele não é reembolsável. Não estou oferecendo garantias para arrependimento. Caso você tenha algum problema de saúde durante a Oficina, converse comigo. Encontraremos um bom resultado.
A Oficina não é um produto digital que consiste em aulas gravadas. Um curso de aulas gravadas pode ter 50 ou 50 mil alunos sem que isso altere os custos de sua produção.
Por outro lado, uma oficina conduzida inteiramente ao vivo tem vagas limitadas. Como o objetivo é instigar cada aluno a expressar-se, as turmas não podem ser grandes. Além disso, se pretendo atender individualmente cada aluno com frequência quinzenal, temos aí outro limite, que deve ficar em 16 alunos.
Por isso, quem garante uma vaga está, ao mesmo tempo, fazendo com que outra pessoa só possa fazer a Oficina em outro momento (caso ela seja oferecida) e me remunerando por meu custo de oportunidade.
Pouco depois de fazer o pagamento, você receberá o primeiro exercício do curso — um texto curto que deve ser escrito antes da primeira aula.
Tendo entendido essas condições, caso esteja interessado, mande um email dizendo qual a turma da sua preferência (veja, abaixo, «Turmas e calendário»), como pretende pagar, e envie seus dados para a nota fiscal: nome completo, CPF, endereço, telefone. (Eu nunca vou enviar mensagem para você, não tenho nenhuma lista de marketing, são só dados pedidos pelo sistema da Nota Carioca.)
Aulas e encontros com alunos
Como na primeira oficina, o curso terá doze aulas por Zoom, aos sábados pela manhã.
As aulas acontecerão a partir do dia 16 de setembro, indo das 10h às 12h30.
O aluno receberá a gravação em vídeo da aula dada por Zoom. Ele não deve reproduzi-la nem repassá-la.
A produção do aluno
Incentivo fortemente o aluno a enviar o mais rápido possível um exercício e a marcar o primeiro encontro comigo, mesmo antes do dia 16 de setembro. Não sendo domingo nem segunda, o aluno deve propor um horário: eu trabalho em casa e tenho flexibilidade. Esse primeiro encontro servirá para que eu possa entender os objetivos do aluno, e a melhor maneira de assisti-lo.
Teremos seis encontros, no total, cada qual com 30 minutos. No primeiro encontro, podemos passar um pouco disso.
A menos que o aluno tenha outros objetivos (a serem discutidos pessoalmente comigo), proponho que sejam produzidos, no total, entre 4 a 8 textos de 500 a 600 palavras (mais o exercício para diagnóstico, com até 400 palavras), e 2 a 3 textos de 1000 a 1200 palavras. (A maioria dos editores de texto contam palavras.)
Digo «entre 4 e 8» e «2 a 3» porque o curso incentivará a reescrita dos textos. Assim, o aluno pode produzir 4 textos que, reescritos, totalizam 8 «trabalhos».
Todos os textos serão enviados em formato Word, com espaçamento 1,5, e fonte Georgia ou Times New Roman tamanho 12.
Cada texto receberá comentários meus na forma de marcas de revisão do Word. Se você não sabe visualizar marcas de revisão e comentários no Word, pode pesquisar no Google. Ou, durante uma aula, posso indicar onde procurá-las.
(Algumas pessoas podem não gostar do Word. Porém, ele é o padrão. O OpenOffice também serve.)
Observação: num curso universitário, cada trabalho vale nota, cada nota conta para um crédito, cada crédito conta para um diploma.
Num curso livre, o aluno não dispõe desses incentivos para entregar os trabalhos no prazo.
Entendo perfeitamente, tendo passado oito anos com dor crônica e sofrido um bocado com o pós-covid, que existem imprevistos.
Porém, sem prazos nada acontece: idealmente, os textos serão produzidos toda semana, e eu pretendo devolver cada texto com meus comentários o mais rápido possível.
Exceto em caso de problemas de saúde (meus ou do aluno), um mês após o fim da Oficina de Primavera não haverá mais comentários nem atendimentos.
Por fim…
Haverá alguma outra oficina depois dessa? Talvez sim, talvez não. Realmente não sei. Vejam, porém, que uma Oficina de Verão talvez fosse prejudicada pela necessidade do ar-condicionado, cujo som é captado pelo microfone.
Se estiver interessado, responda esta mensagem ou escreva para oficinadeescrita2023@gmail.com.
Muito obrigado!
O problema da coragem da verdade é que ela é dada com a coragem de quem dá um tapa, um soco. Coragem de verdade é dizer a verdade como quem estende a mão, quem suspende o outro com a verdade.
É também dar a cara pra esse tapa, e não dar outro de volta. Ou estender essa mão para o inimigo, mesmo que ele “mereça” um tapa.
Caro Pedro, sobre a referência à Flaubert, encontrei essa passagem de uma carta dele à sua amante dele, Louise Collet, mencionada por Vargas Llosa en "A orgia perpétua: (“Ce qui me semble beau, ce que je voudrais faire, c’est un livre sur rien, un livre sans attache extérieure, qui se tiendrait de lui-même par la force interne de son style, comme la terre sans être soutenue se tient en l’air, un livre qui n’aurait presque pas de sujet ou du moins où le sujet serait presque invisible, si cela se peut”.